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Tese de doutorado de professor do IFMT – Campus Cuiabá concorrerá ao prêmio CAPES de Tese

Publicado por: Reitoria / 10 de Junho de 2020 às 06:58

A tese de doutorado “Errantes urbanos: Funções corporais e táticas de sobrevivência dos moradores de rua em Cuiabá”, do professor do IFMT – Campus Cuiabá-Cel. Octayde Jorge da Silva, Juliano Batista dos Santos, foi selecionada pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea (PPGECCO) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para disputar o Prêmio Capes de Tese 2020. Além do Juliano Batista, o professor do IFMT – Campus Barra do Garças, Felipe Deodato da Silva e Silva, também teve a tese selecionada. 

O Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea da UFMT tem nota 4 na Capes. O professor Juliano Batista conta que fez o doutorado trabalhando por 18 meses e os outros três anos fez com afastamento. Ele não recebeu nenhuma bolsa enquanto estava estudando. A defesa ocorreu no dia 13 de maio de 2019. A orientação foi do professor doutor, José Serafim Bertoloto (UFMT) e a banca foi composta por avaliadores de diferentes áreas de formação: assistente social (Leana Oliveira - UFMT), filósofo (José Leite - UFMT), artista (Imara Quadros - IFMT) e pedagoga (Eliete Borges – SEDUC/MT).  

Sobre o seu trabalho ter sido indicado, ele falou que nunca cogitou concorrer ao Prêmio Capes. “Para mim foi uma surpresa. Um reconhecimento em meio a tantos outros trabalhos maravilhosos”, comenta o professor do Campus Cuiabá.

A tese, segundo professor Juliano Batista dos Santos, é o resultado de um longo estudo sobre as pessoas em situação de rua no município de Cuiabá, mais precisamente na região geograficamente denominada de Centro Norte.

A pesquisa tem caráter interdisciplinar, seu conteúdo, apropria-se de diferentes epistemologias (estudos científicos) para a compreensão das condições da população de rua da/na capital mato-grossense que, por antropomorfização (dar características humanas ao que não é humano), transformam, mesmo que por um curto período, os não-lugares em lugares para estar e/ou habitar.

“Subversões de ações, objetos e espaços capazes de tornar baixios, praças, parques, calçadas, orlas, morros, matas etc. em “casas”. Não uma casa tradicional, como nós a conhecemos, mas sim como um território onde se busca sobreviver com o pouco que existe”, conta Juliano dos Santos.

O professor do IFMT – Campus Cuiabá, Juliano Batista dos Santos, explica que ser morador de rua também implica no desenvolvimento e emprego de astúcias sutis, conforme cada ocasião, momento e circunstâncias. “Um aprendizado imprescindível à sobrevivência de quem está ao léu e entregue à própria sorte. Táticas de resistências cujas performances, reveladas na pesquisa, operam como contrafluxo aos projetos racionalistas que visam domesticar os corpos dos ditos cidadãos, colocando-os à serviço do capital”, conta.

Sua a tese traz à tona, a partir de observações in loco, o habitus da vida ordinária dos moradores de rua em Cuiabá. “Vida que independentemente de sua condição subumana é um universo à parte, ainda pouco conhecido e excessivamente estereotipado pelo social-coletivo; um mundo cujo estrato econômico não apenas ressignifica os seus corpos e percepções de moralidades, como igualmente os tornam invisíveis, impedindo-os de frequentarem determinados lugares, de acessarem serviços públicos gratuitos e de comprarem coisas simples e básicas, tais como alimentos e roupas”, explica Juliano Batista

O professor esclarece que como cidadão a pesquisa acabou transformando-o em um ativista dos direitos das pessoas em situação de rua. “O Café Solidário surgiu após a participação em outros grupos filantropos. Vi que precisava fazer algo também. Então fundei o Café Solidário em 2017 que oferece todos os sábados (faça sol ou chuva), na praça da República, das 7h às 9h da manhã, uma refeição matinal aos moradores de rua, imigrantes e desempregados. A média de atendimento são de 120 pessoas”, conta Juliano Batista.

Ao ser questionado sobre a sua produção científica, ele falou que nunca produziu tanto em toda sua vida. “Entre março/2015 e maio/2019 eu publiquei 13 artigos, seis capítulos em livros e 10 trabalhos completos em anais de eventos, além da publicação de cinco resumos e participação em uma dezena de eventos acadêmicos pelo país. Entre os trabalhos destacam-se seis artigos, entre os seis, destaca-se um que foi publicado em revista internacional, pela Universidade de Lisboa”.

Veja abaixo os artigos publicados e links para acesso.  

Políticas Públicas e Moradores de Rua: direitos, assistências e negligências. Ciências e Políticas Públicas, v. III, p. 65-81, 2017. (Universidade de Lisboa).
Link: https://capp.iscsp.ulisboa.pt/images/CPP/V3N2/CPP_V3N2_3.pdf

Representação discursiva de pessoas em situação de rua nos textos do jornalismo on-line de Cuiabá-MT e Região: o estigma como expurgo do outro. Revista Eletrônica Documento/Monumento, v. 22, p. 119-130, 2017. 
Link: https://www.ufmt.br/ndihr/revista/revistas-anteriores/revista-dm-22.pdf

Errantes Urbanos por Excelência: os moradores de rua no capitalismo. RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, v. 04, p. 1-15, 2018.  
Link: https://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/view/1084/934

Pastoral de Rua: uma entre muitas entidades filantrópicas voltadas à população de rua em Cuiabá. Revista Eletrônica Documento/Monumento, v. 24, p. 32-44, 2018. 
Link: https://www.ufmt.br/ndihr/revista/revistas-anteriores/revista-dm-24.pdf

Pessoas em Situação de Rua: uma análise do retrato censitário em Cuiabá no ano de 2017. Direitos, Trabalho e Política Social, v. 5, p. 78-99, 2019.
Link: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rdtps/article/view/8886/6060

O Caminhar como Método Antropológico para Conhecer a Cidade e seus Praticantes. Profiscientia (Cuiabá), v. 13, p. 170-190, 2019.
Link: https://www.profiscientia.ifmt.edu.br/profiscientia/index.php/profiscientia/article/view/232/149

Sobre o prêmio CAPES de Tese

O Prêmio CAPES de Tese reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros de acordo com os seguintes critérios: originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação e o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.

Criado em 2005 e entregue pela primeira vez em 2006, ele abrange todas as áreas de conhecimento que têm um representante na avaliação da pós-graduação stricto sensu. Um dos objetivos da iniciativa é aumentar a visibilidade das ações positivas e indutoras da CAPES na pós-graduação brasileira

Na edição 2020 serão premiadas cada uma das áreas de avaliação reconhecidas pela CAPES. O Grande Prêmio é oferecido ao melhor trabalho de cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida, Humanidades e Exatas.

Os autores das teses selecionadas de cada uma das áreas de avaliação receberão uma bolsa de estágio pós-doutoral em instituição nacional e seus orientadores, um prêmio para participação em evento acadêmico-científico nacional, no valor de R$ 3 mil.  Dos trabalhos escolhidos para o Grande Prêmio, os orientadores receberão R$ 9 mil para participação em congresso internacional e os autores ganharão uma bolsa para estágio pós-doutoral de 12 meses em uma instituição internacional.

Também serão oferecidos prêmios adicionais pelas instituições parceiras. A Fundação Carlos Chagas premiará as teses vencedoras nas áreas de Educação e Ensino. Cada autor receberá R$ 15 mil. Serão ainda agraciados com R$ 5 mil os quatro autores que receberem Menções Honrosas, duas em cada uma destas áreas. O Instituto Serrapilheira premiará com R$ 20 mil cada autor vencedor do Grande Prêmio nos colégios de Ciências Exatas e da Vida.

Já a Comissão Fulbright concederá uma bolsa de pós-doutorado numa universidade norte-americana, por quatro meses, no valor de US$ 16 mil para a tese que evidencie a melhor relação Brasil-Estados Unidos.o do resultado dos prêmios está prevista para setembro e do Grande Prêmio para dezembro de 2020.

Ascom/Reitoria/IFMT - Juliana Michaela  

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